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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Veja na íntegra a entrevista do Poeta e Jornalista Damário da Cruz a Revista "Muito" do Grupo A Tarde.

Damário esteve na seção Orelha da Muito em 09/11/08. Confira a entrevista na íntegra:

Todo risco de ser poeta

Foto: Margarida Neide / Ag. A TARDE - 01.09.2008

Ele começou a escrever poesia aos 15 anos; lá se vão 40. É autor do poema Todo Risco, que está na 17ª edição. Foi balconista, líder estudantil, repórter e sindicalista. A fotografia e a cidade de Cachoeira, no Recôncavo baiano, são suas outras paixões.

Qual é sua lembrança mais remota de querer ser escritor? Quando decidi dormir longe de todos. Tinha 15 anos e inventei um quarto para mim no porão da casa paterna.

Qual é o tema que acaba invadindo os seus poemas, mesmo quando você não quer? Todos os temas invadem a poesia. Mas, o efêmero, das coisas e dos sentimentos, anda sempre me cercando. Adoro relâmpagos e palavras rápidas no ouvido.

Você foi para Cachoeira atrás de que? Da pequena e forte aldeia que universaliza o poeta.

Você às vezes tem a impressão de que tudo o que era importante já foi escrito? Se sim, quem foi que já disse tudo? Ninguém é capaz de dizer tudo sozinho. Ninguém é grande sozinho. Somos uma mistura do muito que muitos nos dizem. Por incrível que possa parecer, acredito que a grande vedete deste milênio será a PALAVRA publicada em outros suportes

Escritor é um ser mais angustiado que as outras pessoas? Poeta mais ainda? Conheço gente bem mais angustiada fora da literatura do que dentro dela. A minha vida e a minha poesia estão distante disto. Elas estão a serviço, inclusive, da não-agonia humana.

Página em branco te dá pesadelo? Ao contrário. Produz o sonho das imensas possibilidades.

Qual foi o caminho que você evitou por medo, como diz em “Todo Risco”? O caminho da dedicação exclusiva à minha obra poética e fotográfica como muitos fizeram. Mas, obtive belos ganhos, por navegar em águas distintas.

Literatura é mais conforto ou agonia? As duas coisas na medida de cada um. Literatura substitui certas brincadeiras proibidas após a infância. Literatura é liberdade perseverante. E a Liberdade,às vezes, também doi.

Dê uma definição poética para a poesia. De vez em quando me perguntam para que serve a poesia. A minha resposta tem sido dada com duas perguntas e duas respostas: Para que serve a poesia ?, para fazer o homem. Para que serve o homem ?, para fazer poesia.

Livros publicados: Vela branca; Todo risco, o ofício da paixão; e Segredo das pipas. Livros inéditos: Memorial das ternuras e Memorial dos ventos.

***

Leia alguns de seus poemas:

Todo risco

A possibilidade de arriscar
É que nos faz homens
Vôo perfeito
no espaço que criamos
Ninguém decide
sobre os passos que evitamos
Certeza
de que não somos pássaros
e que voamos
Tristeza
de que não vamos
por medo dos caminhos

Anzol

Angustiado olhar
do peixe capturado.
Angustiado olhar
do peixe
na mesa do mercado.
O amor, às vezes,
tem esse olhar
de quem vacila prisioneiro
quando tudo é mar.

633.440 – SSP-Ba

Nada
de flores
na manhã prevista.
Meus lábios
beijam
é nessa tarde
enfeitiçada de azul.

Outros jardins

Borboletas
são flores
que decidiram
ganhar o mundo.

Insistência

Os amores impossíveis
sabem dos seu destinos.
Os amores impossíveis
insistem como beija-flores
na busca incessante
do néctar invisível.
Os amores impossíveis
estão sempre fora da rota
mas acreditam que chegarão.

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